27 abril, 2012

A trágica vocação e o novo Adão



Texto do marido Marcos Nazareth

“Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho” Os 11.1


O profeta Oséias talvez tenha sido o escritor bíblico que mais experimentou a angústia da alma por causa de um chamado, uma vocação. Viveu num tempo em que sua nação, dividida a pelo menos 200 anos devido à insensatez de um líder ambicioso, havia se esquecido da fonte da qual provém todos os bens necessários à vida e ao verdadeiro culto. Israel havia se tornado idólatra e adúltero! 


A fim de proclamar o Seu amor incondicional ao povo rebelde, Deus resolve mudar a própria vida do profeta, mudá-la de cabeça para baixo. Ele ordenou que Oseias constituísse família com uma prostituta e amante dos prazeres, que depois de largá-lo por um tempo, foi por ele resgatada do meio das festas cultuais para seu verdadeiro lar, por sua iniciativa e intencional perdão, novamente a mando de Javé, a fim de que o profeta compreendesse intimamente o que se passava no ser de Deus em relação a Israel. 


Pelo que se tem do registro bíblico, a primeira ordem se dá no mesmo instante em que Oséias é chamado ao ministério profético e é provável, portanto, que nesse momento ele já estivesse revoltado com a decadência moral e espiritual dos seus compatriotas. Entretanto, não passava pela sua cabeça sentir, em todas as dimensões humanas possíveis, aquilo que Deus sentia.


Essa experiência humana e religiosa marcou profundamente a vida de Oséias, fazendo com que no restante dos seus quarenta anos de ministério profético anunciasse a mensagem de juízo e esperança de Deus, que perpassa toda a Escritura, com a convicção de que o amor incondicional do Pai se estende por toda a existência: do que foi ao que virá, da infância à maturidade, do velho Adão ao novo Adão! 


“Para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor, por intermédio do profeta: do Egito chamei o meu filho”. Mt 2.15b

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