19 maio, 2011

Casamento e Juventude


Decidi descobrir cedo o que é formar uma família e saber porque isto vale a pena. Resolvi me casar aos 22 anos, casei-me aos 23. Apesar da manifestação de muitos sobre a precocidade dessa decisão e da grande responsabilidade na qual eu estava “me metendo”, concluí que esse era o meu tempo, era a minha vez.

Ouve-se por aí que a família é uma instituição divina e que Deus ama a família, mas percebo que poucos cristãos, tanto meus contemporâneos quanto os mais antigos, valorizam de fato a constituição de uma família como uma “província” do reino de Deus. Muitos acabam por encarar o casamento como a única fuga para a solidão ou um destino do qual não se pode escapar por causa da tradição. Sendo assim, muitos até dão o conselho: “aproveite sua juventude, case-se mais tarde!”

Uso a expressão província porque acredito que um lar é, além de muitas outras coisas, um nicho de fortalecimento para a vida cristã. Muitas virtudes precisam ser aprendidas e cultivadas na família e a partir dali “partimos” para os demais desafios do mundo. E nós cristãos, jovens ou velhos, precisamos crer nisto. É preciso entender que Deus trabalha nosso senso de comunidade de forma grandiosa dentro da família.

Este motivo e alguns outros me moveram a iniciar esta jornada. Optei por dedicar a energia da minha juventude à construção de algo que realmente acredito. Após dois anos de casamento tenho certeza, a cada manhã, de que não tenho desperdiçado minha vida e que a decisão de aproveitá-la a dois foi muito boa. Os passos tornaram-se mais firmes e seguros no caminho da vida familiar. Sim, é melhor serem dois do que um! Eu e meu marido somos fortalecidos pelo amor e serviço, pelas admoestações mútuas, pelas alegrias compartilhadas, pelo choro consolado e pelas dificuldades enfrentadas. São as peculiaridades da vida, mas vividas a dois.

Não afirmo, no entanto, que jovens devem se casar ao primeiro ímpeto de “este é o amor da minha vida”. Antes deve avaliar sua fase e história de vida, suas condições – especialmente as emocionais - a opinião da família, dentre outras coisas. O casamento é sim uma decisão séria que traz grandes desafios e exige maturidade.

Mas casamento e juventude não são incompatíveis. Especialmente se temos a verdadeira noção de virtudes como o domínio próprio, amor, lealdade e respeito. Se temos também a noção de que a permanência e a durabilidade são palavras nobres, diferentemente do que se diz por aí. É uma alegria poder desfrutar da juventude certo de que o casamento é para a glória de Deus e para que a glória de Deus seja proclamada às próximas gerações. Isso também é curtir a vida.

* Este texto foi publicado na edição 330 da revista Ultimato

06 maio, 2011

Sobre paixão, rotina, novela e vida real


Uma conversa que tive com uma amiga dia desses...

Continuar apaixonado

SE A VELHA fórmula final dos contos de fada “e viveram felizes para sempre” for entendida como “e nos cinqüenta anos seguintes eles se sentiram exatamente da mesma forma como se sentiram no dia anterior ao casamento”, então ela está dizendo algo que provavelmente nunca foi e nunca será verdade, que inclusive seria altamente indesejável se o fosse. Quem suportaria viver nessa excitação toda por cinco anos? O que seria do seu trabalho, seu apetite, seu sono, suas amizades? Mas, é claro que deixar de “estar apaixonado” não significa necessariamente deixar de amar. O amor, nesse segundo sentido – o amor como algo diferente de “estar apaixonado” – não é um simples sentimento. Trata-se de uma profunda unidade, alimentada pela vontade e deliberadamente fortalecida pelo hábito; reforçada (nos casamentos cristãos) pela graça que ambos os parceiros pedem e recebem de Deus. Os cônjuges podem alimentar esse tipo de amor um pelo outro mesmo naqueles momentos em que não se gostam; é o mesmo que acontece quando você se ama, mesmo quando não está gostando nada de si. Eles são capazes de manter esse amor, mesmo considerando que qualquer um deles possa facilmente se “apaixonar” por outra pessoa. Primeiro, o “estar apaixonado” os levou a jurar fidelidade; esse outro amor mais calmo os capacita a cumprir a promessa. É esse amor que mantém a máquina do casamento ativa; o estar apaixonado não passa da ignição que lhe deu partida.

– de Mere Christianity [Cristianismo Puro e Simples]

Retirado de Um Ano com C. S. Lewis (Editora Ultimato, 2009)


Amiga: estas meditações do lewis tão me desiludindo

eu: por que? elas são tão boas

A: ah pois é

mas só dizem q a gente não vai ficar apaixonado o resto da vida, e pronto acabou

isso é triste

eu: haha

claro que não é

vc é que acha que a paixão traz felicidade

por isso parece triste

A: pior q eu acho

ai...triste

eu: "Primeiro, o “estar apaixonado” os levou a jurar fidelidade; esse outro amor mais calmo os capacita a cumprir a promessa. É esse amor que mantém a máquina do casamento ativa; o estar apaixonado não passa da ignição que lhe deu partida."

como vc pode achar isso triste?

é como ter medo de crescer

querer olhar a boneca com a mesma intensidade de uma criança

tá, é lindo ver a alegria de uma criança diante de uma vaca

mas por causa dessa intensidade elas tbm não aceitam as derrotas

e odeiam os irmãos por causa de coisas pequenas

a paixão dá calafrios, suspiros... e isso é legal

mas passa... passa sim

e uma certeza tranquila, e uma alegria de manhãs normais

de almoços rotineiros vem

e isso não é triste

pelo contrário, é uma certeza tão firme, tão feliz

a gente não precisa ter medo das continuidades e rotinas da vida... é novela que diz isso

as rotinas são divinas e felizes

se vc tiver gratidão no coração, é claro

A:pois é, eu acreditei na novela.

vou proibir minha filha (se um dia eu tiver uma) a ver novela!

kkk

eu: uma dose de fantasia sempre faz bem ao espírito