02 setembro, 2011
"É assim mesmo que é perfeito, quando é cheio de defeitos"
Dia desses resolvi afirmar que as coisas estavam perfeitas. A casa, os amigos, a comida... e o marido (é claro, rs).
E ele retrucou: "que nada! Tô longe de ser perfeito, sou cheio de defeitos"
E eu: "É assim mesmo que é perfeito, quando é cheio de defeitos"
Desde de que me entendo por gente vivo muito dividida entre a fantasia e a realidade. Consequência de uma mente super agitada e viajante. Pra ajudar, fui paparicada pela babá dos anos 90, a TV. Uma combinação perfeita pra muitas histórias vividas apenas aqui, na cachola.
Faz pouco tempo que descobri o quanto minha mente é agitada e o quanto minha imaginação ia longe. Eu "viajava" tanto que fica extremamente cansada e nem percebia a viagem.
Muitas viagens foram boas, outras nem tanto. Quis ser a mocinha da história romântica, a libertadora das histórias de justiça, a garota descolada dos colégios americanos e a executiva bem sucedida dos altos prédios de Nova Iorque. Quis ser isso, e muito mais... Admito que era bem divertido, mas tudo isso se misturava com uma sensação meio ruim de não ser nada disso. No final sobrava apenas eu, a garota real, cheia de conflitos e vivendo aquela vida mais ou menos.
Tanta fantasia em plena adolescência é algo meio perigoso. Traçar projetos de vida (se é que posso dizer assim) inatingíveis traz frustrações contínuas, que podem se transformar em mágoa, depois em angústia, em lamento e enfim murmuração. Murmuração é aquela mania feia de ver tudo cinza e reclamar de tudo, de achar tudo triste e de contaminar tudo que é belo, transformando num estorvo. E foi assim que olhei as coisas por algum tempo. As fantasias eram distantes demais, e o dia-a-dia "morocoxô".
Mas aí aprendi a grandeza da vivência da gratidão. A gratidão não pode ser mais uma daquelas palavras que compõe nossos diálogos reflexivos. Ela precisa ser vivida quando a gente acorda de manhã, quando come o arroz e feijão e quando vê e vive a vida, esta vida mesmo cheia de defeitos e problemas. Esta que passa longe dos protótipos fabricados nos contos de fadas (os rasos, porque os profundos mostram o homem em seus mais densos conflitos) ou nas novelinhas da Globo.
E foi por isso que comecei com aquele diálogo sobre coisas perfeitas. Elas não são (nem serão) perfeitas no sentido estrito da palavra, mas são perfeitas à medida que nos alegram plenamente por serem a dádiva concedida por Deus para nossa felicidade.
Preciso admitir, continuo dividida entre a fantasia e a realidade, afinal, uma mente viajante não se cansa de perambular pelo mundo afora. Mas agora descobri que as alegrias da vida real são mais saborosas.
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