31 outubro, 2008

Vivo o desafio de servir plenamente a um Deus que é plenamente relacional.


Estou, há séculos, me esquivando de relações onde eu precise mostrar quem sou e enxergar realmente quem o outro é (é, tem uma exceção!).
Nestes últimos séculos me senti segura e protegida. Não feri e não me feri. De leve, mandava notícias de dentro do meu casulo e me continha... assim, não corria riscos, nem corria muito...não sentia medo, nem dores...
Mas na ‘neutralidade’ também não se pode compartilhar alegrias, sorrisos, besteiras...
Senti saudade! Saudade de re-experimentar a alegria de ter amigos!
Percebi que parte da construção do meu eu estava paralisada... a parte construída por meus relacionamentos (é, tem uma exceção! Uma valiosa exceção!).

Resolvi sair!
Abri de leve a porta da frente e dei apenas um passo.
Revi de longe aquela alegria que há séculos não encontrava.
Não andei mais, não tive coragem.
Não me expus totalmente... mas fui totalmente exposta a uma enxurrada de sentimentos de amigos, amigos que sempre estiveram ali, à minha porta...
E foi bom!

Apesar de nenhuma exposição evitável... sempre há a exposição inevitável...
E volto a viver o desafio de servir plenamente a um Deus que é plenamente relacional
Pois volto a viver o ciclo dos relacionamentos...
Volto a experimentar a alegria, mas também a dor.
Sinto o prazer de ser amada e o desprazer de ferir...ser ferida...

Agora ainda estou à porta!
Paralisada...
Com uma gigantesca vontade de voltar, fechar a porta e viver por mais alguns séculos a neutralidade.

Mas não vou voltar!
Vou ficar por aqui, parada na porta, enquanto tomo fôlego pra dar mais um passo...

Vivo a esperança do dia em que meus olhos serão melhores. Do dia em que direi (e viverei) com alegria o fato de que, nem as feridas, nem as dores, nem a morte... nada disso diminui o privilégio de ter amigos de verdade.

*Esse texto é para os perseverantes que não desistiram de ser meus amigos. Especialmente ao meu irmão.

29 outubro, 2008

outras exigências

reencontro a luta de querer expressar o que ficou oculto por culpa do medo e do orgulho
a criatividade calada
a audácia amordaçada
a coragem amendrontada
a realidade iludida

mas é um novo dia!
amanheço em outro momento, com outras necessidades... outras exigências
o sol me parece quente... tórrido
ainda estou na sombra
olho o horizonte
por vezes ensaio caminhar
mas me parece que a criatividade ainda é calada...a audácia.... enfim...
queria que tivesse outro fim

... mas ainda não é o fim...